A virgem de Álvarez de Azevedo

sexta-feira, março 22, 2013
Bem, como muitos sabem, além de escritora, eu sou apaixonada pela literatura e um dos meus poetas preferidos é o Álvarez de Azevedo. Ele morreu muito jovem, de 21 para os 22 anos de idade; tinha tuberculose e outras doenças. Viveu durante a época do "Mal do século" talvez por isso as suas obras sejam tão melancólicas. Ele tinha uma paixão por uma virgem e doce mulher que, tadinho! Não existia em lugar algum, a não ser nos seus sonhos e imaginação. 

 

Conheçam um pouco mais sobre ele:

Manuel Antônio Álvares de Azevedo foi um escritor da segunda geração romântica (Ultra-RomânticaByroniana ou Mal-do-século), contistadramaturgopoeta e ensaísta brasileiro, autor de Noite na TavernaFilho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Mota Azevedo, passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São Paulo, em 1847, para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde, desde logo, ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender línguas e pelo espírito jovial e sentimental.
Durante o curso de Direito traduziu o quinto ato de Otelo, de Shakespeare; traduziu Parisina, de Lord Byron; fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano (1849); fez parte da Sociedade Epicureia; e iniciou o poema épico O Conde Lopo, do qual só restaram fragmentos.
Não concluiu o curso, pois foi acometido de uma tuberculose pulmonar nas férias de 1851-52, a qual foi agravada por um tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, falecendo aos 21 anos.[5]
A sua obra compreende: Poesias diversasPoema do Frade, o drama Macário, o romance O Livro de Fra GondicárioNoite na TavernaCartas, vários Ensaios (Literatura e civilização em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla) e Lira dos vinte anos
Suas principais influências são: Lord ByronGoetheFrançois-René de Chateaubriand, mas principalmente Alfred de Musset.
Figura na antologia do cancioneiro nacional. Foi muito lido até as duas primeiras décadas do século XX, com constantes reedições de sua poesia e antologias. As últimas encenações de seu drama Macário foram em 1994 e 2001. É patrono da cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras

Um dos seus poemas que eu mais gosto: Saudade.

Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi...
E às primaveras disse adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!

Vinte anos! derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento...
De fogosas visões nutri meu peito...
Vinte anos!... sem viver um só momento!

Contudo, no passado uma esperança
Tanto amor e ventura prometia...
E uma virgem tão doce, tão divina,
Nos sonhos junto a mim adormecia!


Quando eu lia com ela... e no romance

Suspirava melhor ardente nota...
E Jocelyn sonhava com Laurence
Ou Werther se morria por Carlota...

Eu sentia a tremer e a transluzir-lhe
Nos olhos negros a alma inocentinha...
E uma furtiva lágrima rolando
Da face dela umedecer a minha!

E quantas vezes o luar tardio
Não viu nossos amores inocentes?
Não embalou-se da morena virgem
No suspirar, nos cânticos ardentes?

E quantas vezes não dormi sonhando
Eterno amor, eternas as venturas...
E que o céu ia abrir-se... e entre os anjos
Eu ia despertar em noites puras?

Foi esse o amor primeiro! Requeimou-me
As artérias febris de juventude,
Acordou-me dos sonhos da existência
Na harmonia primeira do alaúde.



Meu Deus! e quantas eu amei... Contudo

Das noites voluptuosas da existência
Só restam-me saudades dessas horas
Que iluminou tua alma d’inocência.

Foram três noites só... três noites belas
De lua e de verão, no vale saudoso...
Que eu pensava existir... sentindo o peito
Sobre teu coração morrer de gozo.

E por três noites padeci três anos,
Na vida cheia de saudade infinda...
Três anos de esperança e de martírio...
Três anos de sofrer — e espero ainda!

A ti se ergueram meus doridos versos,
Reflexos sem calor de um sol intenso,
Votei-os à imagem dos amores
Pra velá-la nos sonhos como incenso.

Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,
Tantas noites de febre e d’esperança...
Mas hoje o coração parado e frio,
Do meu peito no túmulo descansa.

Pálida sombra dos amores santos!
Passa quando eu morrer no meu jazigo,
Ajoelha ao luar e entoa um canto...
Que lá na morte eu sonharei contigo.

(12 de setembro, 1852.Álvares de Azevedo)

Nossa! Será que é só eu quem estou emocionada? Este poema é muito lindo, mesmo! Agora vem o detalhe: Eu tive a oportunidade de viver essa "virgem" do meu poeta preferido. Confiram as fotos do Festival de Teatro!!!













Joseany 
°*”˜˜”*°•. ƸӜƷ





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